POR THAIS MARTINS
A Gerência de Inovação e Design da Apex-Brasil firmou contrato com o Instituto de Embalagens para o desenvolvimento de um novo projeto destinado a apoiar a melhoria das embalagens brasileiras: o Inova Embala. O projeto foca no setor de alimentos e bebidas e contempla o processo de sensibilização para inovação em embalagens considerando pontos críticos como: certificações e normas internacionais, novas tecnologias, novos materiais e estudo das culturas de consumo nos mercados internacionais. A gerente executiva de competitividade e inovação da Apex-Brasil, Márcia Nejaim revelou os detalhes do projeto, o motivo pela escolha do Instituto de Embalagens, entre outros pontos.
Revista PACK: A Apex-Brasil e o Instituto de Embalagens estão juntos no Inova Embala. Pode nos contar sobre o projeto?
Márcia Nejaim: O Inova Embala prevê a realização de workshops, seminários e clínicas de atendimentos individuais às empresas, para que elas entendam a importância da embalagem para a competitividade e conheçam as tendências, as novas tecnologias, materiais, certificações e normas internacionais. Este projeto leva em conta que uma embalagem inovadora e com um bom design pode ajudar a conquistar os disputados espaços nos pontos de venda, podendo elevar o valor da mercadoria e, consequentemente, aumentar as exportações. A iniciativa teve início em novembro de 2014 e já atendeu a 44 empresas. É importante destacar que o Inova Embala tem poucos meses de atuação, mas ele é fruto de uma iniciativa anterior, o Design Embala, que teve excelentes resultados. Em um ano de atividade, o Design Embala desenvolveu um portfólio de ações beneficiando mais de 150 empresas dos setores de cafés especiais, cachaça, vinho, doces, alimentos e bebidas.
PACK: Como se deu essa parceria com o Instituto de Embalagens?
Nejaim: Sempre estamos buscando parceiros que possam nos auxiliar nos objetivos que traçamos na Agência. Quando elaboramos o primeiro projeto com foco em design de embalagens com a Associação Brasileira de Embalagem (ABRE), que foi muito exitoso, percebemos que precisávamos trazer novos parceiros para discutir também a questão da inovação nas embalagens. Aos poucos fomos conhecendo a reputação do Instituto de Embalagens e também as sinergias que já tinha com vários outros parceiros setoriais da Apex-Brasil. O projeto começou este ano e já temos um excelente balanço das ações que temos feito em conjunto, trazendo para o empresário, por meio das clínicas individuais, uma visão sobre as diversas possibilidades que a embalagem pode trazer em mercados específicos onde estas empresas atuam e podem se tornar ainda mais competitivas. A experiência internacional do Instituto chamou muito a nossa atenção. A embalagem, sobretudo no setor de alimentos, tem um impacto enorme nos custos de produção e transporte, na comunicação com o consumidor final e no shelf life dos produtos, por exemplo.
PACK: Qual a importância do Inova Embala para o mercado de embalagens?
Nejaim: Temos visto que a estratégia de sensibilização por meio de workshops e as clínicas individuais com as empresas têm modificado a mentalidade dos empresários e das pessoas envolvidas no que tange a importância de se ter uma embalagem que comunique o que o produto, de fato, representa. Temos visto um avanço importante, pois diversas empresas têm feito alterações significativas em suas embalagens. Como a maioria é composta de empresas exportadoras, elas têm feito alterações com foco nos mercados onde exportam, o quê, na medida em que acompanhamos a evolução das exportações, pode se demonstrar em um aumento da competitividade e das exportações dessas empresas. Espero que a gente comece em breve a colher os frutos deste projeto, averiguando que de fato as empresas têm aumentado as exportações em virtude das mudanças que o projeto tem causado nas estratégias de negócios, por meio de uma embalagem mais adequada para os mercados trabalhados.
PACK: Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional.
Nejaim: Sou formada em administração de empresas pela Universidade de Pernambuco, com Pós-graduação em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas e Gestão pela Harvard Extension School. Por meio do Chevening Fellowship, estudei também Responsabilidade Corporativa na Nottingham University, na Inglaterra. Antes de trabalhar na Apex-Brasil, onde estou desde 2005, atuei no setor privado no segmento de consultoria estratégica, nos setores de tecnologia da informação e varejo.
PACK: Como tem sido sua participação na Apex-Brasil?
Nejaim: Entrei na Apex-Brasil por meio de um processo seletivo e iniciei minhas atividades na inteligência comercial, em 2005. Na época, a equipe tinha a incumbência de estruturar a área que é um dos principais pilares para uma promoção de exportação eficiente. Aprendi muito e até hoje aprendo com as pessoas que estão agora lá, fazendo trabalhos fantásticos. Posteriormente, ingressei na unidade de atração de investimentos para também estruturar este departamento. Atualmente, estou na Gerência Executiva de Competitividade e Inovação, atuando em projetos relacionados à internacionalização, sustentabilidade, inovação e design e gestão para exportação, como ferramentas para o aumento da competitividade das empresas exportadoras. A Agência proporciona um ambiente de aprendizado constante e nos preocupamos em avaliar constantemente se o que fazemos está agregando aos negócios das empresas, assim estamos aprimorando a mensuração e acompanhamento dos resultados. Espero poder continuar contribuindo para estes desafios.
PACK: Você atua em projetos ligados à sustentabilidade, inovação, design e internacionalização. Quais foram as principais conquistas sobre isso durante sua gestão?
Nejaim: Olhando a trajetória da gestão das empresas e, em particular as questões ligadas à exportação, estes são temas relativamente novos. Estamos atuando com isso há cerca de três anos, de forma mais preponderante. Nossos desafios estão relacionados à geração do debate para o entendimento de que as estratégias ligadas à inovação e, mais detalhadamente, o design, a sustentabilidade e a criação de novos modelos de negócios para mercados internacionais podem ser instrumentos importantes de diferenciação e agregação de valor, levando as empresas a um patamar de competitividade maior. Muitas vezes, estes investimentos são vistos como custos ou em alguns casos, as empresas não sabem como começar. Parte do nosso trabalho tem sido também em auxiliar em possíveis caminhos, montando parcerias, como a que temos com o Instituto de Embalagem, com o Centro Brasil Design e com o Centro de Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que possam nos auxiliar nestas trajetórias com os exportadores. Em alguns desses projetos, temos visto que as empresas, ao final da iniciativa com a Apex-Brasil, têm investido cerca de cinco vezes o que a Agência investiu, o que é um grande indicador de que a semente plantada gerou frutos.