A 45ª edição da iSM, que aconteceu em Colônia, na Alemanha, em fevereiro, teve mais de 37 mil visitantes de mais de 140 países, sendo 67% estrangeiros. O Brasil foi representado por um grupo de 22 empresas da Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (ABICAB), além de Bauducco e Marilan. Dos mais de 1.400 fornecedores, 140 ofereciam produtos orgânicos, ou seja, prazer e saúde juntos!
Também ocorreram mostras paralelas, como o “Pro Sweets”, espaço destinado aos fornecedores de ingredientes, máquinas de embalagens e para processamento e, claro, às próprias embalagens, além de premiações, concursos e divulgação de trabalhos de estudantes, eventos que sempre incentivam a visitação qualificada e a preocupação em lançar produtos melhores. A premiação, chamada iSM award, foi para a tradicional empresa alemã Ricola.
Houve ainda fóruns (o principal foi o Cocoa Sustainable), congressos e uma área para destacar inovações, a Showcase New Products. A SoundyCandy®, bala “explosiva” que emite sons ao ser degustada, da empresa turca Toller, foi eleita em primeiro lugar. Outra inovação comentada foi o Spreeze®, um spray numa embalagem tipo cartela (estreita e compacta), que substituía as gomas ou balinhas para combater o mau hálito.
Embalagens e sistemas
Na feira pôde-se confirmar a importância da embalagem para a categoria de doces e snacks. O grande diferencial foi a forte presença de fornecedores asiáticos para decoração e embalagens de aço e plásticas especiais, como a Paczone, com inúmeras soluções interessantes.
Quanto aos sistemas de embalagens, três propostas mereceram destaque:
- O sistema da Schur para stand-up pouch em form, fill and seal (FFS – sistema para formar, encher e selar no mesmo processo), com formatos especiais, como o que imita um pote de vidro;
- O sistema da Hoerauf (que agora pertence ao Grupo Optima) para pós e líquidos em papel cartão também em FFS, atendendo sucos e cafés de grãos a solúvel;
- O sistema FFS para líquidos, pós ou sólidos da espanhola IRTA, que permite dois produtos na mesma embalagem, podendo ser dois sucos, dois doces ou dois pós.
Em termos de embalagens, empresas de papel cartão, como a Stora Enso e a Metsä, ofereceram consultoria e expuseram produtos específicos para esse mercado. Várias gráficas também marcaram presença, como a Marzek, que mostrou cartuchos e estojos. A própria associação do setor, a Pro Carton®, teve um estande institucional para representá-lo.
Também estiveram presentes empresas oferecendo opções em embalagens em chapas de PET e PP transparentes, como as italianas Cristina e IDEALPLAST, e a chinesa HPL. Outra italiana, a Smilesys levou a linha de filmes resseláveis.
Destaques em produtos e embalagens
Público infantil: A empresa mexicana Michel apresentou seus doces e confeitos em embalagens lúdicas com bonecos “mexicanos” e com o ChocoPhone®, uma barra de chocolate cujo design fazia alusão ao telefone da Apple. A eslovaca Maxsport apresentou uma barra de chocolate para crianças, a Fit Kid®, com um conjunto de embalagens modernas, mostrando apenas um “beijo estilizado”. O sabor de chocolate, adoçado com stevia, e repleto de vitaminas, ômegas e fibras chamou a atenção. A Pizzacorp.com lançou uma massinha de modelagem comestível.
Já a PepsiCo mostrou duas linhas de doces-brinquedos que podem ser montados como um LEGO®, a linha Konstruk® e a Armables®. A AlexSweets inovou na embalagem de pirulito “explosivo” sabor cola numa embalagem flexível com formato inusitado. Outra embalagem de pirulito que merece destaque é a da chinesa Candy Paradise: o doce vinha embalado hermeticamente como num “blister”, com PP transparente termoformado frontal e filme impresso frente e verso para poder decorar e informar. Além disso, o adesivo usado era fácil de abrir, sendo seguro e conveniente.
A empresa belga CRV levou para as crianças a opção saudável de biscoitos orgânicos com nome sugestivo: BisKids®. Já a alemã Erdbär fez sucesso com a linha completa de frutas e vegetais em stand-up pouch, trazendo purês e snacks (desidratados) de frutas e vegetais, bem como bebidas prontas para beber. De olho na diversidade, a empresa espanhola Sweetoon levou sua linha de bastões de chocolates em diferentes versões, sendo uma delas dedicada ao público muçulmano, com a personagem Fulla vestida de burca. A romena Salatini apresentou uma proposta simpática numa embalagem flexível metalizada em quatro soldas, posicionando os biscoitos Juniors Crackers® em pé. As ilustrações, muito bem produzidas, garantiram comunicação imediata com o público-alvo.
Doces e geleias: Os gregos e turcos predominaram nesse segmento. A grega Geodi®, que tem ganhado muitos prêmios pela excelência de sua geleia, trouxe também uma embalagem digna de nota. Com a máxima “Menos é mais”, apresentou um pote de vidro e tampa larga de aço com rótulo no label look em uma só cor, destacando o benefício de oferecer 85% de fruta na geleia e os selos dos prêmios. Outra grega, a Kandylas®, caprichou igualmente nos catálogos e nas produções fotográficas usadas.
Os tradicionais doces turcos, sempre bem acondicionados em estojos e potes, abusaram de recursos gráficos para demonstrar sofisticação. Um produto novo, o Cardelion®, foi apresentado num pote selado acompanhado da colher para garantir a
praticidade e decorado com IML (in mold label), oferecendo castanhas portuguesas (conhecidas como marrons) em calda. Outra novidade foi um pote com dois compartimentos: um de pasta de chocolate ou de amêndoa e outro com biscoitos em sticks para serem degustados junto. A curiosidade ficou por conta da chamada do uso de azeite de oliva num produto doce.
Outras novidades: A húngara MIG 21® trouxe uma energy bar (barra energética) de apenas 14 g que garante a mesma eficiência de uma latinha de bebida energética. Com a mesma promessa, a holandesa Beast Energy trouxe as gomas de mascar Beast Energy® em um saquinho com 35 g. Outra proposta da empresa é a goma para motoristas, a Drive Gum® (cafeína mais energia para estimular a concentração), que reforçou os atributos sem glúten e sem açúcar.
A alemã Wohlgemuth trouxe outra goma de mascar sem açúcar para “escovar” os dentes. O destaque ficou para a embalagem, cujo formato era prático para carregar na bolsa ou bolso, e o splash destacando que é produzido na Alemanha: o “Made in Germany”.
A americana Pakcom apostou na funcionalidade da bala vitaminada sem açúcar com sabor mais exótico, embalada numa cartela descolada.
A Bite Box® foi a aposta da empresa alemã homônima para atender ao horário do lanche longe de casa. Aos que não podem ter um café, o coffee to go vinha numa embalagem plástica simples envolta numa cartela de papel cartão kraft. A linha tinha outras opções, como frutas desidratadas e mix de amêndoas. Seus produtos foram posicionados como survival food (comida de sobrevivência). A empresa polonesa SPL Paula investiu no desenvolvimento de produtos on the go para se ter onde quiser, em porções pequenas, como frutas desidratadas crocantes (morangos e outras) e queijo (que não era assado nem frito), destacando ser fonte de proteína e cálcio.
A empresa alemã Beauty Sweeties® levou sua linha completa de gomas com vários apelos à saúde: sem gelatina, sem transgênicos, sem conservantes ou aromatizantes, sem glúten e sem lactose. Algumas linhas eram preparadas para o mercado Halal e outras enriquecidas de enzimas, colágenos, aloe vera e demais benefícios. O produto já estava sendo vendido em lojas de conveniência e drugstores da Alemanha numa boa faixa de preço. A apresentação clean com fundo branco destacando os claims (atributos), as frutas e as gomas em belas produções fotográficas e ilustrações, convencia.
A chinesa Larbee trouxe o Smoothie Surprise®, um “sorvete” para ser congelado em stand up pouch.
A empresa búlgara ALPI levou como fez na SIAL, sua linha de balas de sabores que se destacavam entre os mais reconhecidos produtos búlgaros: rosas e lavanda. As embalagens em latas de aço ou cartuchos posicionavam o produto como premium. Cada bala era acondicionada numa embalagem flow pack. Aliás, as embalagens com balas isoladas já são quase todas dessa forma.
Biscoitos e snacks: Uma das empresas que mais tiveram sucesso com a linha de snacks foi a The Bakers Company, da Bulgária, com a linha Karuzo® (bolinhos), a ZIGI® (amendoins e amêndoas temperados) e a Huligan® (sementes). A apresentação dos produtos era exemplar. Um produto que chamou a atenção foi o salgadinho de pipoca, como o Popcorners®, da romena Chio. A proposta era muito interessante e saborosa, pois usava sal marinho e não era frito.
Numa linha mais convencional, a Real Snacks, da Finlândia, merece menção por trazer em todos os seus produtos a bandeira do país como aval de qualidade. Na mesma linha de orgulho nacional, a Keogh’s, da Irlanda, levava o nome do país na assinatura do produto abaixo da marca. A colombiana Colombina® inovou usando um flow pack metalizado para sua linha de crackers de multicereal com probióticos, alinhada com as demandas de saúde. Já a holandesa Merba chamou a atenção pela qualidade e pela apresentação de seu cookie, trazendo uma embalagem unitária com uma apetitosa produção fotográfica em tamanho real, num fundo branco com a ilustração do cacau em marca d’água.
Apresentação geral: Contam pontos para a apresentação como um todo da empresa ou do grupo de empresas: recepcionistas bi ou trilíngues, catálogos, programação visual do estande etc. Muitas empresas cuidaram dos detalhes, por exemplo, a espanhola Vidal, que preparou um kit com as guloseimas numa bela embalagem e o entregou aos ocupantes da sala de imprensa e aos potenciais compradores. A polonesa Tago entregou um biscoito numa boa embalagem unitária, encartado numa cartela com informações da empresa e do produto já na entrada da feira. Atitudes simpáticas sempre trazem bons retornos.
A empresa malaia Saujania, de 70 anos, investiu num catálogo diferente, que contava desde a origem da empresa até sua linha de produtos e, claro, em embalagens elegantes. Portugal foi destaque até no filme sobre a feira, com um estande muito elegante, alto, com a marca Portugal num fundo preto. Apresentaram propostas e produtos que levaram também na SIAL, como o bolo de copo. O que mais chamou a atenção foi a sofisticação da apresentação do estande e de embalagens como a da Panidor, com pastéis de nata doces e salgados com uma embalagem simples, porém trazendo azulejos portugueses assinados por artistas nativos.
As empresas brasileiras poderiam explorar mais o privilégio de nosso país querido, simpático e alegre. É uma vantagem competitiva, pois poderíamos mostrar nossa cultura, arte e origens usando mais cores nas embalagens e nos estandes. Valeria também considerar um upgrade geral nas embalagens nas questões de processo (principalmente selagem e impressão). Ainda estamos longe do padrão dos outros países, que têm optado por embalagens stand up pouch ou “quatro soldas”, no mínimo, lembrando que quando usam flow pack, a solda é feita por processos de ultrassom. O sistema de selagem a quente elétrico evoluiu e muitos foram substituídos pelo sistema de selagem por Ultrassom, pois a qualidade de estanqueidade e a percepção do consumidor ficam comprometidas.
Ficaram claros vários aspectos, como conveniência, saúde, estilo e segurança alimentar e ética. Origem e sofisticação também foram acentuadas. Quanto à demanda, ainda que numa feira de doces, era por produtos mais naturais ou funcionais. Também ficaram claros os apelos por produtos “glúten free”, “sugar free”, de origem vegetal, com fibras, sem cor
antes e até produtos orgânicos. Usar bem a embalagem para contar suas origens, história e promessa é um importante diferencial. Investir numa boa embalagem é fator decisivo para garantir competitividade e sobrevivência das marcas e empresas.