Assunta Napolitano Camilo
Muitas empresas buscam ter “embalagens amigas do meio ambiente”, porém ainda falta muito esclarecimento sobre o termo. Além disso, o que seria uma “embalagem sustentável”? Pretendemos esclarecer isso neste artigo.
Segundo a Sustainable Packaging Coalition (Associação Americana para Embalagens Sustentáveis), o conceito de embalagem sustentável tem como requisitos:
· ser benéfica, segura e saudável para indivíduos e comunidades por todo o seu ciclo de vida;
· preencher os requisitos de mercado para desempenho e custo;
· ser pesquisada, manufaturada, transportada e reciclada, usando energia renovável;
· maximizar o uso de materiais renováveis e recicláveis;
· ser produzida utilizando boas práticas e tecnologias de produção “limpas”;
· ser feita de materiais saudáveis em todos os cenários do ciclo de vida end-of-life (final da vida);
· ser fisicamente desenhada para otimizar o uso de materiais e energia;
· completar de maneira efetiva o ciclo cradle-to-cradle (do berço ao túmulo).
Se a embalagem que faz parte do nosso portfólio também puder ser sustentável, certamente seria melhor. É importante saber que é possível, e o processo é mais simples do que parece. Precisamos investir no desenvolvimento e pensar na sustentabilidade desde o início do projeto. Isso estimula a inovação e é um belo desafio!
Num projeto, é fundamental manter evidente os princípios dos “R”s: Remover o que for desnecessário; usar material Reciclado (quando possível) e/ou preferir o material Reciclável; Reduzir a quantidade/ peso/espessura; preferir fontes Renováveis; valorizar a Reutilização, o Refil ou as embalagens Retornáveis; Repensar; e Reaprender!
Ainda há de se considerar as possibilidades de recuperação energética dos resíduos e os custos de energia e de transporte como aspectos importantes. Para o resultado de um projeto adequado, é necessário seguir recomendações como:
· Não criar “super” ou “sub embalagens”: a principal função da embalagem é proteger o produto até o momento do consumo. Ela deve apresentar barreira correta, ter compatibilidade com o produto e perfeita selagem. Mas, nem por isso deve apoiar o desperdício de material;
· Não utilizar materiais ou insumos (tintas, adesivos etc.) tóxicos no processo ou no descarte;
· Definir o processamento de acordo com as normas de segurança de trabalho e meio ambiente, cuidando das emissões de gases e/ ou efluentes;
· Desenvolver um único material e, quando isso não for possível, permitir que os materiais sejam facilmente separados ou recicláveis dessa forma;
· Considerar a conservação de energia e gastos energéticos para obtenção, reciclagem ou disposição dos materiais envolvidos;
· Apresentar identificação clara do material utilizado e orientação simples do seu correto destino, seja para coleta seletiva ou para disposição (conforme a norma de rotulagem ambiental, ISO e NBR 14021, tipo II);
· Evitar o green washing por meio de termos que nada agregam e podem confundir o consumidor;
· Fornecer uma embalagem que torna possível usar o produto até o seu fim.
Tomando esses cuidados, além de reduzir os impactos ambientais, é uma grande oportunidade de trazer vantagens para o negócio, já que as embalagens amigas do meio ambiente:
· oferecem menor ocorrência de riscos e, portanto, menor risco de custos ambientais ou impacto ambiental;
· aumentam as receitas pela agregação de consumidores “ecoconscientes”;
· melhoram a imagem da empresa e alimentam um círculo virtuoso. À medida que são utilizados materiais reciclados, mais se recicla, portanto, mais os produtos recicláveis são valorizados, fazendo com que o preço pago por suas embalagens vazias usadas seja mais alto.
· Dessa forma, mais pessoas se interessam em separá-las e coletá-las, e, consequentemente, menos material será abandonado no meio ambiente, sendo feito o ciclo da reeducação. Assim, conseguimos atingir, no Brasil, quase 98% de reciclagem das latas de alumínio.
Cada conceito válido ajuda, mas sempre dentro da análise completa do ciclo de vida. É importante lembrar que é fundamental a identificação correta de material, e hoje isso é possível. Ao observar a legislação em relação às questões de meio ambiente da maioria dos países, nota-se a obrigatoriedade da identificação correta.
Especificamente no caso das embalagens de alumínio, a versatilidade do material aliada à eficácia na proteção dos alimentos e preservação do sabor, além da infinita reciclabilidade, são fatores-chave nessa escolha.
Por ser uma excelente barreira contra luz, umidade e impurezas, o alumínio protege os produtos embalados, ampliando seu acesso à população e aumentando significativamente a vida útil deles.
A utilização do alumínio na embalagem a torna mais leve, economizando recursos de transporte e ainda, muitas vezes, dispensando a necessidade de sistema de refrigeração, poupando energia.
O fato de o material não interferir no produto alimentício ou farmacêutico é relevante, bem como a questão de não oxidar (enferrujar).No caso de produtos farmacêuticos, o sucesso de um tratamento depende do acesso e da adequada conservação dos medicamentos.
A flexibilidade, a impermeabilidade, a resistência à corrosão e a facilidade de impressão do alumínio o tornou indispensável em cartelas, blísteres e tubos, que conservam e protegem os medicamentos, além de permitir seu uso de forma fracionada.
Os donos de marca que adotaram a prática de declarar o material, sua reciclabilidade e as formas de disposição vêm ganhando pontos junto ao mercado.
A proposta do Instituto de Embalagens sempre foi orientar para o desenvolvimento e promover as embalagens amigas do ambiente, colaborando para a melhoria e a recuperação do meio ambiente. O objetivo é mostrar que as embalagens não são um “mal necessário” nem “culpadas” pelo impacto e pela degradação do meio ambiente.
Acreditamos que é preciso um processo de reeducação dos consumidores e de orientação das empresas de produtos de consumo para alcançar os resultados possíveis e necessários, sabendo que isso pode ser feito pelas próprias embalagens. Nesse contexto, visualizamos a embalagem holisticamente, como meio de educação, explorando com afinco sua função como veículo de comunicação.
Para tanto, é imperativo partir de um projeto correto, pois hoje já se fala em ecodesign, atividade cuja preocupação é minimizar os impactos ambientais que os produtos podem causar, desde a correta escolha de materiais até os processos de fabricação, decoração, envase e descarte. A insistência é pela conscientização de que a embalagem é um grande bem. Sem ela não poderíamos manter esse novo estilo de vida. É ela quem viabiliza o transporte dos alimentos e outros produtos, cada vez mais aperfeiçoados para ser mais convenientes, saudáveis, seguros e bonitos, adequando-se bem à vida urbana e a esse novo estilo fast (rápido) de vida!
O melhor caminho é, desde já, a promoção da integração do desenvolvimento da embalagem (ou antes, quando definimos o produto) à questão da sustentabilidade, prevenindo ou minimizando os impactos. É importante considerar esse aspecto desde a concepção até o descarte responsável.
Todos os profissionais da cadeia envolvida devem ser comprometidos com a norma de rotulagem ambiental adequada e enviar mensagens precisas sobre a necessidade emergente de se modificar velhos hábitos, sem apelar para o green washing (maquiagem verde), com termos ou frases vagas, que nada esclarecem e ainda confundem o consumidor com informações meramente comerciais e sem qualquer base científica, irrelevantes.