E estivemos na Europa para visitar a Drupa 2012 e aproveitamos para fazer algumas visitas técnicas em cidades da Bélgica e da Croácia, lugares onde as artes gráficas são muito valorizadas. Encontramos as embalagens de papel-cartão como sempre muito elegantes e charmosas em lojas-conceitos, a exemplo da Nivea, em lojas de produtos orgânicos e de luxo, nos supermercados e também nos fast foods.
Começamos pela curiosa e prática embalagem da Surf’n’ Fries, da Croácia, uma rede que oferece batatas fritas num cone com vincos que tem, numa das abas, um local destinado para colocar o copo de refrigerante, e, na outra aba, dois espaços para colocar os molhos de maionese e ketchup! A empresa oferecia também como opção um “carrinho” que tinha na traseira uma aba para apoiar o copinho de molho. Falando ainda das novidades para delivery, encontramos “luvas” para as embalagens de frango assado, facilitando o transporte para o consumidor levar o prato pronto para casa. A luva tem sido uma aplicação crescente para o papel-cartão: encontramos as luvas, enobrecendo geleias com a possibilidade de agregar sofisticação. No caso de bisnagas e frascos de produtos de limpeza, a utilização é feita para viabilizar lotes menores de produção para os quais seria improdutiva a decoração direta ou a litografia.
Cresce também a utilização dos displays, em muitos casos acoplados ao micro-ondulado. Um exemplo a ser seguido pelo Brasil, onde as embalagens “shelf ready packaging” (embalagens de transporte que podem ir diretamente para a gôndola, sem manuseio) começam a ganhar importância em função do crescimento dos “atacarejos”.
Os acabamentos e enfeites conferem sempre elegância e distinção às embalagens. O formato de cesta na embalagem da Paprenjak, fabricante croata de biscoitos, foi decisivo para a visualização do produto no ponto de venda.
Enobrecimento
O recurso de metalização segue sendo utilizado para chamar a atenção e posicionar os produtos como premiums, caso do absorvente higiênico Platinum, da Procter & Gamble, e do cartucho do creme dental Olea Sensitive. Algumas embalagens de chocolate preferem usar o hot stamping, como o Kit Kat.
Em tempos de crise todos querem vender mais. Não é diferente com a Toblerone, que inventou uma embalagem adequada para viagem: uma “mala” de chocolate que, apesar de ter a cor marrom (referência ao couro da mala), manteve o formato que é sinônimo da marca. Aliás, as fabricantes de chocolates e biscoitos continuam explorando a nobreza e instigando o appetite appeal com embalagens sofisticadas. É o caso da Belgian e da Kras (tradicional fabricante croata), que utiliza ouro e jogos de verniz brilho e fosco antes de relevos. A fabricante do Milka, a Kraft Foods, preferiu apostar em entregar conveniência no Schoko Drops, que abre na lateral por meio de uma lingueta que também permite o refechamento.
O Bajadera, da Kras, apresenta um picote central, possibilitando ao consumidor pegar uma trufa de cada vez. O Déli-Choc, da belga Delare, também propôs uma abertura fácil e divertida.
A Drupa exibiu muitos equipamentos de impressão digital, mas o mais interessante foi encontrar os produtos nas gôndolas, como o Kleenex e a Coca Cola, que já utilizam a nova tecnologia que promete ampliar o uso das embalagens de papel-cartão pois superaram o desafio dos lotes mínimos e poderão estar nas gôndolas em prazos antes considerados impossíveis.
Praticidade
É certo que as embalagens de papel-cartão têm uma característica intrínseca de “suportar” e manter os produtos em pé. A Frosch explorou isso em seu conceito de suporte para refil de aromatizador de ambiente.
No caso do café a vácuo Jacqmotte, a solução foi híbrida: a parte metalizada proporcionou a barreira, o cartão a estrutura, e uma tampa especial o refechamento do produto. A mesma solução foi aplicada num lançamento da Nestlé para a sopa Maggi, com o cartão fazendo as vezes da “tigela”, tornando o produto ainda mais conveniente e prático aos seus consumidores. É possível abrir a embalagem, adicionar a água quente, preparar a sopa e depois “montar” o suporte de cartão para acondicionar a refeição.
Outra categoria que cresce muito são os copos de papel-cartão, não só para refrigerantes e cafés, mas também para inúmeras outras categorias, entre elas, mel (L’apiculteur de Provence) e tinturas de cabelo da Poly (da alemã Schwarzkopf). A Sodebo criou até o PastaBox, um copo com fechamento reto. A Diamant entrega aos seus consumidores de açúcar com canela, além de um açucareiro, um copo invertido, perfeito!
Os produtos orgânicos ou relacionados ao bem-estar estão crescendo na mesma medida que o estresse da vida urbana, sempre muito corrida. Nos mercados especializados encontramos muitos produtos de beleza, como sabonetes, cremes e sais embalados em conjuntos ou isolados, sempre com belos cartuchos, como é o caso dos chás, destacando as seguintes marcas: Urban Tea Garden, em embalagem flip top com dez sachês e design e tampa diferenciados, e o Evolution, em uma delicada caixa para um momento único.
As opções para cartelas ou blísteres
seguem inovadoras, por exemplo na Schaebens, que comercializa doses únicas para tratamento anti-idade e usa a metalização para atrair e convencer. A Rosal divulga os benefícios do protetor labial com relevo seco e brilhos, além de uma faca especial.
A melhor proposta, ao meu olhar, são as opções como a da marca Balea, da alemã DM, que traz uma solução de blíster sem a bolha plástica, reduzindo, com isso, o impacto ambiental, já que usa material de fonte renovável, reciclado, reciclável e monomaterial, o que facilita a reciclagem.
Embalagem melhor, mundo melhor.