Assunta Camilo visitou, no final de 2012, a última edição do Salão Internacional da Alimentação (Sial) em Paris, na França, para conferir de perto o atual estágio das embalagens de alimentos do mundo e saber o que tem se destacado nos pontos de venda das principais gôndolas dos super e minimercados das redes do país, além das drogarias, boutiques de pães, queijos e vinhos. Neste artigo, ela faz um relato sobre as embalagens francesas que mais a impressionaram no evento.
Perfumes franceses — eterno encanto
O primeiro impacto aconteceu já no aeroporto: no free shop ou duty-free, que apresentava os lançamentos em torno das comemorações do final de ano. Nesses espaços, era fácil encontrar cartuchos de bebidas, cigarros e chocolates que abusavam da utilização dos recursos gráficos como flakes, hot stamping e principalmente das tintas especiais.
Na cultura francesa, os perfumes têm um papel importante que vai além das funcionalidades do produto. Por isso, o encantamento se dá logo nas embalagens, sempre muito bem cuidadas e cada vez mais sofisticadas para atender às necessidades não explícitas dos consumidores. Os designs são alinhados com as campanhas: vidros, tampas, conjuntos perfeitos, finalizados com laços e em cartuchos impecáveis. As empresas prometem e entregam glamour. Cada projeto busca, por meio da inovação tecnológica e dos materiais disponíveis, atingir formas inusitadas. Decorações primorosas e detalhes delicados completam obras de arte valiosas nos pontos de venda, que atendem à altura a demanda de produtos premium.
Sofisticação e praticidade — fundamentais na hora da refeição
O charme também vai à mesa ou às mãos dos consumidores no momento do desjejum. Chama a atenção o design moderno, clean e premium do Mibox: a cor prata do fundo, o pink dos detalhes e a produção fotográfica da massa no garfo sofisticam e modernizam o conjunto da obra que desperta o apetite e confirma a conveniência pela presença do garfo que vem embutido na embalagem.
O sorvete Les Minis, da Adélie, que inclusive ganhou prêmio especial de inovação no Sial, é apresentado em uma embalagem que se transforma em copo de papel. O cartucho, que pode ser ergonomicamente carregado, é facilmente aberto e fechado pelas abas superiores. As porções do produto, pequenos sorvetes de baunilha envoltos em chocolate, foram desenvolvidas para se adequar ao tamanho de uma só mordida, permitindo que no ato do consumo as mãos permaneçam livres. O mesmo sentido de praticidade é entregue pela Belle France no produto Mini Knacks, com seu copo de papel-cartão. Neste caso, as pequenas salsichas podem ser saboreadas em qualquer lugar, frias ou aquecidas em forno micro-ondas. Os palitinhos também vêm embutidos.
Michel et Augustin usa o conceito do copo, só que invertido, transformando-se em um pote de iogurte, conseguindo aliar tradição e sustentabilidade de maneira leve e elegante na própria tampa para facilitar o consumo imediato e on the go.
O café L’Or inovou de forma interessante e criativa: nele foi acoplada uma tampa em papel-cartão para facilitar a armazenagem doméstica e permitir o abre/fecha na própria embalagem que vira um utensílio.
A Maison du Chocolat, tradicional casa de chocolates francês, sempre oferece aos clientes o requinte das caixinhas com fundo e tampa e um design sóbrio e claro, com um charmoso laço para finalizar a produção!
A Bonne Maman, outro clássico da cultura gastronômica francesa, atenta às tendências, aumentou a conveniência dos consumidores com uma abertura nova na parte central da embalagem de tartelettes para acompanhar um momento de degustação especial na mesa, como, por exemplo, um chá da tarde.
Visitando os diferentes países, concluímos que as empresas brasileiras estão num excelente momento para rever suas posições, refazer design, desenvolver novos e novos trabalhos e dar novas aplicações às embalagens, sempre procurando entender e considerar toda a cadeia, para entregar, no ponto de venda e no varejo, possibilidades impactantes em cada situação e região. A nova sociedade impõe produtos melhores, práticos, bonitos, saudáveis e seguros, além de social e ambientalmente sustentáveis e culturalmente sintonizados.