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A edição de 2014 da feira francesa Emballage & Manutention ocorreu em um clima econômico competitivo, com um bom número e qualidade de expositores e visitantes, dando uma demonstração clara da excelente estabilidade e saúde desses eventos quando bem estruturados, planejados e organizados. A exposição agregou muitos eventos e atividades paralelas, como: simpósio (Dieline Summit); congresso (Pack Vision); entrevistas internacionais para TV e internet (Plateau TV); prêmios para estudantes (Best Pack); espaço e prêmio para inovação (Pack Innovation); Village International para a imprensa especializada; Symop Forum; Manut Demo; e Manut Innovations – estes dois últimos voltados para movimentação, armazenagem e logística.
Estiveram presentes mais de 1.500 expositores, 50% dos quais internacionais, e uma audiência de 96.500 visitantes profissionais de mais de 100 países. Assim, mesmo em ano de InterPack (maior feira internacional do setor), a Emballage & Manutention se firmou como um palco importante voltado à inovação dos setores de embalagem, processamento, impressão e movimentação. O Brasil e a indústria brasileira de embalagens também já mereciam ter uma exposição desse nível.
Véronique Sestrieres, diretora da feira, afirmou que “os indicadores da exposição são positivos e encorajadores. As sinergias geradas neste evento podem beneficiar a indústria em geral. Como uma vitrine de qualidade, habilita os expositores, com seus estandes cada vez mais elegantes e organizados, a atraírem a atenção dos clientes e prospects e para realçar as suas inovações. O evento foi marcado pela qualidade das transações comerciais e a presença de grandes compradores, principalmente da região europeia.”
O Instituto de Embalagens participou de um dos eventos mais importantes da feira, a Plataforma TV. Na ocasião, debati o tema “Economia circular” com representantes do Canadá, da França e da Comunidade Europeia. Além disso, levamos um estande para apresentar ao mundo os livros do Instituto, que receberam menção da World Press Internacional devido à sua qualidade didática e técnica.
Como a InterPack ocorreu seis meses antes, as grandes empresas do setor, como Multivac, Optima, Avery Dennison, Marken-Imaje, Krones, Videojet, Bosch, Coesia e Comexi, entre outras, somente marcaram presença institucional com as mesmas novidades apresentadas anteriormente. Já as empresas menores ou locais mostraram novidades interessantes e fizeram valer a visita, tanto pelo setor de embalagens industriais, que abordaremos na segunda parte da cobertura na próxima edição da revista Pack, quanto pela enorme oportunidade de conhecer novos fornecedores e se atualizar nos eventos paralelos.
Alguns países se organizaram para apresentação conjunta. O destaque, como sempre, ficou para a Turquia, que criou um grande cluster da indústria de embalagens no meio do deserto e hoje atende boa parte da Europa com produtos bem competitivos. Oxalá possamos nos reunir e desenvolver nossa indústria para alçar novos voos e mercados, tornando a embalagem aqui também mais competitiva, ganhando escala.
Havia um grande número de “cartonagens” (é como lá eles denominam as gráficas), que, com o aumento da competição entre outras opções de embalagens, começaram a diversificar os portfolios, oferecendo, por exemplo, sacolas e embalagens transparentes produzidas a partir de chapas de PP e de PET. Aliás, muitas empresas estão se verticalizando e oferecendo desde chapas até embalagens montadas, além de serviços de envase, com destaque para a HIP LEI Packaging, a Shih Lun e a HLP Klearfold.
O crescimento da busca por embalagens transparentes é tão significativo que estavam presentes também empresas de máquinas de solda por alta frequência e termocontato, como a GEAF.
Outro aspecto relevante é a diminuição dos lotes mínimos, até porque é uma demanda importante da indústria. Essa necessidade está impulsionando a impressão digital. A Hewlett Packard (HP), por exemplo, apresentou uma máquina para substratos semirrígidos que atraiu muitos interessados. Além disso, seu stand estava ao lado de um cliente deles, a UNI Packaging, que recebeu um prêmio de inovação com uma série de 14 versões de embalagens stand up pouchs de papinhas para crianças. Também estavam expostas (e conseguimos trazer amostras) várias outras embalagens flexíveis laminadas muito bem impressas. A qualidade final dos pontos e o resultado têm o mesmo nível das melhores impressões tradicionais.
A Xeicon também apresentou seus equipamentos para impressão digital de rótulos (autoadesivos, termoencolhíveis e in mold label), com destaque para os de vinho, nos quais agregou hot stamping.
A indústria francesa de vidro é muito tradicional, e vários representantes estiveram presentes com garrafas e potes maravilhosos, com custos de moldes mais interessantes. Destaque para as empresas SaverGlass, Univerre, Covim e Valery Glass. Também marcaram presença as fabricantes italianas: a Italesse, com sua elegante linha de garrafas, e a Bruni Glass, que recebeu um prêmio pela inovação nas suas garrafas de azeite empilháveis.
Empresas de embalagens de aço mostraram inúmeras possibilidades de estojos para bebidas, presentes, entre outros. Havia opções de estojos em papel cartão, couro e madeira, decorados para todos os budgets.
As empresas fornecedoras de embalagens para a indústria farmacêutica apresentaram vários produtos inovadores que receberam atenção e prêmios. Além da Vial Pack, que já foi detalhada na seção Pack Vanguarda, devemos mencionar a Unicadose, da Top Clean Injection, uma embalagem monodose injetada em polipropileno. A empresa produtora garante que é impossível haver pedaços ou riscos na abertura. A embalagem pode conter pós, líquidos e granulados. A própria Top Clean pode fazer o enchimento e controlar o risco de biocontaminação partículas etc. Mesmo linhas de frascos ou seringas de vidro podem ser facilmente incorporadas ou adaptadas ao novo sistema.
Na mesma linha, a Seriplast da AT Packaging™ apresentou ampolas de material plástico (acrílico butadieno-estireno) de mono dose ou para várias aplicações, com possibilidade de diferentes tipos de aplicadores com e sem tampa e em diversos tamanhos. Já a Stiplastics trouxe para a feira a caixa especial (pharma case) para medicamentos (emplastos, remédios), que recebeu prêmio na Pharmapack Paris, e um filtro para aplicadores nasais, o Rhinophar. Além disso, mostrou a linha de doses clássicas, como colheres, tampas, entre outros.
Uma embalagem premiada na Pack Innovation foi a Locked 4 Kids®, para atender o mercado de medicamentos: um cartucho em papel cartão com um berço interno de PET. Para abri-lo, é preciso pressionar ao mesmo tempo as duas travas que estão em lados opostos e distantes, o que praticamente impossibilita crianças de abrirem. Outra premiada foi a Saralon que propôs uma embalagem, que é um cartucho combinando perfuração com um display de circuito impresso: com um toque no botão, a informação de garantia de origem aparece apenas uma vez, impossibilitando o reuso.
No segmento de bebidas, a Aptar™ foi premiada com uma microválvula para uso em tampas de novos produtos, como aromatizante de ambientes; a empresa foi premiada igualmente pela embalagem pump, especialmente desenvolvida para sucos concentrados (no caso o cliente foi a Teisseire®). Outra proposta importante foi a da FibreForm Packaging®, da Suécia, que mostrou a Free-FormPack®, uma embalagem em material celulósico desenvolvida num processo in line que consiste em três peças, sendo o corpo em papel cartão, podendo ser moldado em diferentes formatos. A princípio, a proposta é para produtos não líquidos e não alimentícios, porém as inúmeras possibilidades de formatos, fechamentos e aberturas tornam a promessa boa.
Falando em propostas de material celulósico, a European Unions Seventh Framework® desenvolveu o BioBoard®, um coating barreira, baseado em produtos agro, como farinhas e amidos residuais de processos de industrialização de alimentos. Prometem ser uma alternativa para as embalagens multicamada longa vida.
Outra iniciativa interessante foi da Falières Nutrition®, uma empresa que nasceu para atender consumidores nômades ou esportistas. No início desenvolveram proposta para liofilização de alimentos, mas depois entenderam que era necessária uma embalagem para o produto, então criaram o Voyager®, um stand up pouch bem próximo deste público tão atento às questões ambientais. A camada externa da embalagem é de papel kraft, que entrega um apelo sustentável e não tem a camada de alumínio, porém é feita num material que combina força e conservação, chamado de Multicomplex®, com capacidade para 125 g de alimento seco. Adicionando-se 100 ml de água a 100°C, em cinco minutos a refeição fica pronta e pode ser servida na embalagem cortada ao meio (como uma tigelinha – para isso existem na embalagem duas linhas de pré-corte). Após o uso, recomenda-se incinerar a embalagem para evitar poluição.
A preocupação com a questão da sustentabilidade foi abordada por várias empresas em diferentes perspectivas. A Paktech, dos Estados Unidos, por exemplo, oferece agora seus multipacks em material 96% reciclado pós-consumo, atributo que foi mais divulgado do que as inúmeras possibilidades de “seguradores” para toda a sorte de embalagens de bebidas. A Millet Plastic recebeu um prêmio pela embalagem de forma quadrada com tampa embutida no frasco, um verdadeiro desafio superado, além da questão técnica do molde: o material era 90% de fonte renovável (no caso, açúcar), já que a Daddy® é uma marca famosa de açúcar.
A Goglio levou para a feira uma extensa linha de produtos com diferentes possibilidades em busca da embalagem o mais sustentável possível. Para se ter uma ideia, até o uso de tintas com certificado de compostabilidade está sendo feito, além de ofertas como rótulos em PLA e garrafas de base bio.
Reconhecida pela qualidade impecável de seu sistema de rotulagem termo encolhível, a francesa Sleever International também tem investido em produtos melhores do ponto de vista ambiental, tendo recebido um prêmio de inovação por conta do novo produto, o LDPET. O LDPET combina um filme de baixa densidade de PET com o sistema de impressão e uma nova máquina aplicadora, a Sleever Combisteam®-LDPET, que garante uma aplicação precisa com mínima energia. Ofereceram também uma opção para garrafas de PEAD (o rótulo em material LWPET), que, por ser mais leve que as garrafas, se separa facilmente na lavagem pré-reciclagem.
A Sleever aposta também na inovação em diferenciação: apresentou a linha Sleever-Make Up, com rótulos para diâmetros menores com um sistema turn key da própria empresa. Ainda é possível agregar o sistema de abertura controlada e a sofisticação de apresentação através de texturas perceptíveis ao tato, criando um efeito espetacular visualmente.
Sem dúvida, a mais comentada participação foi do grupo RPC, que investe continuadamente em pesquisa e desenvolvimento, pois, de fato, as inovações não nascem do acaso ou de um “clique”: é preciso estudar, pesquisar, tentar e errar! Eles simplesmente trouxeram 14 grandes inovações, que atendem de forma séria às demandas do consumidor por conveniência, segurança, saúde, estilo e sustentabilidade. Citaremos algumas:
- A nova embalagem plástica longa vida (Longlife™ Pack), que pode atender mercados exigentes como pescados e pet food;
- Decoração de alto brilho metálico para latas plásticas voltada ao mercado de tintas;
- Pote que imita uma caçarola para pratos prontos que podem ser levados à mesa com estilo;
- Nova solução barreira para solventes de frascos industriais;
- Copo + tampa para aperitivos que podem ser aquecidos e mixados na própria embalagem;
- Novos potes e baldes para linha de tintas, combinando estética e funcionalidade em potes formato meia-lua;
- Bebo Swing™: embalagem termoformada com tampa incorporada ao pote;
- A tampa Twist™, que permite o fechamento com rotação de um quarto de volta, como a usada no Organix®;
- Várias soluções on demand para potes que necessitam de barreira a oxigênio e/ou luz usando aditivos na resina e somando o recurso do rótulo in mold label com barreira;
- Potes para geleias e molhos para a categoria food service com estilo e a segurança das tampas com travas, entre outras soluções.