O Instituto de Embalagens esteve presente em reuniões e pesquisa no norte da África para conferir de perto o atual estágio das embalagens do Marrocos. Foi interessante observar vários pontos e pensar como essas diferentes visões com aplicações inusitadas contribuem para o desenvolvimento do setor aqui no Brasil. O Marrocos está experimentando um desenvolvimento extraordinário, acima de muitos países em desenvolvimento e à frente da maioria dos países africanos. Assim, não é por acaso que grandes empresas europeias (Danone, Kraft, Nestlé, Colgate, P&G, Unilever, Coca-Cola, Pepsico) estão se instalando naquela região, bem como as redes de supermercados Carrefour e Tesco, além das cadeias de fast food, como o Mc Donald’s (lá chamado de McDu), Pizza Hut, KFC, entre outras.
Uma das características mais interessantes que observamos foi o forte traço da cultura marroquina nas embalagens em geral. No rótulo da tradicional cerveja Casablanca, a moldura criada pelos arcos, forte influência da arquitetura moura presente em todas as portas, portões e janelas do país, segue impressa no rótulo. Os mesmos elementos culturais estão presentes nos pratos principais e não é diferente nos produtos de perfumaria, higiene e produtos pessoais.
O panorama geral das embalagens num grande supermercado e o de produtos internacionais são bem similares. Os pequenos varejos da periferia ou das “Medinas” realizam em espaços de 6 metros quadrados a venda de tudo, desde leite até sabão. E nesses varejos, para atender quem tem um orçamento pequeno, prevalecem as embalagens unitárias, ou sachês para acondicionar leite Ninho (com 26 gramas de leite em pó para fazer um copo de leite que custa 10 dirhams, cerca de R$ 2,50) e achocolatado, como o Chocão da Ideal, com envelopes de 15 gramas.
No Marrocos, é comum encontrar os preços impressos na embalagem. Essa é uma estratégia para tentar coibir possíveis abusos do varejista. O segmento de bebidas é impulsionado pela água mineral, uma vez que a água da rede pública nem sempre é potável. A dominante é a água Sidi Ali da Danone. Nosso destaque é para a Oulmès que optou pelas latas de alumínio em sua versão com gás, um salto em relação às demais águas disponíveis para o comércio. Como o país tem forte orientação islâmica, a venda de bebidas alcoólicas é restrita. Só encontramos as cervejas Casablanca e a Flag; esta tinha, além da garrafa própria, a lata.
Os sucos encontrados nas embalagens cartonadas são ligeiramente distintos, com o detalhe curvo (a Diamond da Elopak), como o de Romã que tinha as embalagens impressas na África do Sul. Para as crianças, é normal a apresentação de produtos em copos termoformados além de alguns diferenciados, como o Superman, este com válvula para facilitar os goles. Também encontramos sucos em embalagens laminadas com papel/alumínio/polietileno em formato tetraédrico. Sucos em pó são de tamanho ligeiramente menor que os nossos, em envelopes de 12,5 gramas para fazer 1,5 litro.
Por conta da restrição a bebidas alcoólicas, os marroquinos têm forte hábito de tomar chá nos cafés ou nas casas, e compram a granel, em caixinhas ou ainda em saquinhos unidose. Os cartuchos têm design primoroso, imagens lindas, envoltório de BOPP e selos holográficos. Entre os sabores que lideram estão os de menta e hortelã. As embalagens com janelas transparentes são bem características, e isso serve para mostrar e aproximar os consumidores dos produtos nativos. Outra característica marcante é o gosto pelos detalhes dourados, o que explica a quantidade de aplicação de hot stamping em várias embalagens.
Visitando os diferentes países concluímos que as empresas brasileiras estão num excelente momento para rever suas posições: no design, desenvolver novos itens, novos trabalhos, sempre procurando entender e considerar toda a cadeia para entregar, no ponto de venda e no varejo, possibilidades de impacto para cada situação e região. Em resposta a essa necessidade, o Instituto de Embalagens promoverá, em março do ano que vem, um workshop sobre Inovação que ajudará a nossa indústria a ter uma visão mais ampla sobre as reais necessidades de ser competitiva para se firmar em 2013. A nova sociedade impõe produtos melhores, práticos, bonitos, saudáveis, seguros, além de social e ambientalmente sustentáveis e culturalmente sintonizados. Embalagem melhor. Mundo melhor!